domingo, 13 de outubro de 2013

Telefonia Celular, Ubiquidade e Transumanismo com Marcelo Pereira


A palestra do professor Marcelo Pereira foi uma das melhores na minha opinião, mesmo sendo aluna dele e já conhecendo o estilo da aula, dei boas risadas com as teorias apocalípticas. Primeiramente, Marcelo fez uma cronologia completa da história da telefonia celular. O primeiro deles foi fabricado pela Ericsson, especialmente para carros. Revolucionou a história com a possibilidade de fazer ligações em qualquer lugar do mundo.

Porém, um celular para carros era inviável para a maior parte da população, que além de ter que comprar o carro (uma fortuna), teria que comprar o gigantesco celular (duas fortunas). Assim, Martin Cooper saiu na frente na corrida do lançamento do primeiro celular individual e a primeira ligação foi feita por ele mesmo para Joel Engel, seu concorrente da AT&T -  Martin ligou para perguntar como tava a qualidade da chamada. Entretanto, a ideia de um telefone já existia muitos anos antes do lançamento oficial do Motorola. Marcelo explicou toda a ligação com os rádios e a evolução dos sistemas destes para pager, até chegar nos celulares de hoje. Apesar da minha confusão em acompanhar todo esse cronograma (e não entender a maior parte), o clima da palestra estava ótimo graças ao carisma do professor.


1 kg de pura tecnologia
Marcelo então define as gerações dos celulares a partir do DYNATAC 8000x. As primeiras linhas celulares são da geração Analógica, conhecida como Primeira Geração. Não tão moderna quanto as outras que estavam por vir, a primeira geração tinha grandes problemas com sinal e muita vulnerabilidade em relação a clonagem. A Segunda Geração descrita por Marcelo, é a geração digital, onde se tornou possível o envio de SMS e a velocidade de banda havia atingido seus 14.4 kbits . A Geração "2,5" é basicamente a mesma coisa da Segunda Geração, havendo apenas pequenas melhorias em relação a velocidade de conexão. A Terceira Geração é a série dos famosos 3Gs, velocidade a partir de 384 kbits (parece lento, mas acreditem, é maior que a velocidade da minha Oi Velox). A Geração "3,5" é a transição da Terceira Geração para o 3,5 G, com um sistema melhorado, a velocidade de banda foi aumentada para 14 mbits/s. Estamos na Quarta Geração, a era 4G, com velocidade de banda de 40 mbits/s.

A cada geração, as possibilidades de troca de informação com o próximo aumenta de velocidade. Antigamente, não era possível nem mandar uma mensagem de texto e, hoje, já é possível fazer até vídeo conferências pelo celular. Logo, conforme a tecnologia aumenta, proporcionalmente, chegamos a Ubiquidade Tecnológica - a era em que a tecnologia alcançaria todos os lugares no planeta, criando uma única rede em que todos estivessem conectados.

Pode-se dizer que já estamos vivendo em uma era de Ubiquidade Tecnológica. As redes sociais como facebook, twitter, entre outras, são a prova disso. E aí que está o perigo, a privacidade do usuário acabou. Tudo é compartilhado, até informações que você não deseja acabam sendo buscadas pelos motores de pesquisa.

Marcelo fala da lei de Moore e relaciona esse crescimento com os gráficos do buraco negro, do Big Bang e da evolução humana. Em sequência, todos os gráficos crescem de forma exponencial:

    
Buraco Negro
                    
Big Bang

Evolução Humana

Pela lei de Moore, a evolução do processamento de dados também possui um crescimento exponencial. Portanto, segundo Vernor Vinge, chegaríamos na singularidade tecnológica - ponto onde a inteligência artificial da tecnologia produziria mais tecnologia, sendo o impacto de tal ação irreversível para vida humana. O pesquisador Vernor Vinge explica três possíveis cenários na era da singularidade tecnológica. O primeiro é a dominação da inteligência artificial, igualzinho a Skynet:.



Apesar de parecer surreal, já estamos perto isso. Temos o Blue Brain Project e para quem não conhece esse projeto, o blue brain é um cérebro artificial que está sendo desenvolvido para simular a inteligência humana. Atualmente, é noticiado que apenas 1 % da capacidade humana já foi desenvolvida no blue brain. Porém, conforme o crescimento exponencial da tecnologia, em menos de 10 anos, teríamos um cérebro com 100% da capacidade humana. 

Além disso, estão trabalhando em um chip cognitivo. Testando esse chip em um jogo, criaram três comandos básicos em seu sistema: Perder o jogo era muito ruim, bloquear o adversário era bom, ganhar o jogo era melhor. Em menos de duas horas, o chip aprendeu todas as jogadas, virou um viciado master e se tornou o melhor jogador do mundo.

Descobri esses dias que estão trabalhando em um plástico auto regenerativo, ironicamente, conhecido como plástico Terminator.  Inventado pelos cientistas espanhóis, o plástico volta sozinho a sua forma original após um corte em sua superfície.



vish

Pois é, se tivermos sorte, o cenário light para o nosso futuro na Terra seria esse. E como diz o professor Marcelo, seriamos animais de estimação de alguma madame robô. 

O segundo cenário seria um pouco mais punk, chegaríamos a era do Transumanismo. Mas o que seria isso? O Transumanismo seria uma transição do homem biológico para o homem máquina a fim de aumentar sua capacidade física e mental. 

"Cyborgs" são bem piores que robôs, não acham? 

Atualmente, os cyborgs existem por infelizes acidentes que os levam a usar máquinas no lugar dos membros. Entretanto, nesses casos o avanço tecnológico é ótimo, pois permite que alguém, privado de alguma ação básica, retorne a ter esse direito da forma mais natural possível - as vezes se tornando até melhor que o natural. Supondo que o avanço tecnológico ocorrerá de forma exponencial até seu ápice, chegaríamos em uma época em que os cyborgs seriam muito melhores que as pessoas "normais" em qualquer função no trabalho, nos esportes e até nos estudos. Então, todos buscariam uma forma de serem cyborgs e mudariam as partes obsoletas do próprio corpo. 

Pernas, braços, órgãos, pele, tudo seria trocado. Só que existe um grande, enorme, gigantesco porém nessa história toda. Alguém, após fazer um transplante de alguma prótese, precisa tomar um medicamento contra a rejeição do organismo àquele corpo estranho. Imagina a procura desses medicamentos se todos na face do Terra precisassem. E sabe como é né, a lei da oferta e da procura já diz tudo. As indústrias farmacêuticas iriam elevar ao máximo o preço dos seus medicamentos e ninguém poderia reclamar. Todos necessariamente precisariam daquilo pra sobreviver. Ou você viveria na miséria com seu corpo totalmente biológico e obsoleto, ou você trocaria seus membros por máquinas mas também viveria na miséria graças a todos os remédios caríssimos que você teria que comprar. Sair de um buraco pra cair em outro.

O jogo Deus Ex é contado nesse universo alternativo:

O filme Gattaca também é um exemplo:



Engraçado que essa ideia já existe. O Biohacking é exatamente o início dessa era. Vários adeptos dessa nova onda inserem em seus próprios corpos diversas peças e acessórios a fim de aumentar suas percepções e sentidos. Um exemplo disso é a alemã Lepth Anomyn que inseriu ímãs em seus dedos para criar um sexto sentido. Através do tato, ela pode sentir campos eletromagnéticos. Lepth divide todas suas experiências em seu blog para os interessados.


O terceiro cenário é a era da rede humana global e já estamos vivendo ele. A rede é o melhor meio para a divulgação de pesquisas científicos  e  informações em tempo real, entretanto, de acordo com Vinge, todos os humanos por estarem conectados em uma rede única global, compartilhariam seus pensamentos, ideias  e emoções, TUDO seria upado na rede - Facebook já está aí estragando nossas vidas né.

Uma crítica engraçada sobre a singularidade tecnológica:

Já não bastasse esses cenários apocalípticos no futuro. Marcelo comentou sobre as explosões solares. Em 1859, ocorreu uma explosão solar tão forte que sua interferência magnética foi a maior da história. Porém no século XIX não existia eletricidade. Entretanto, se houvesse uma agora, o planeta ia se transformar num inferno pois todos os sistemas de energia sofreriam uma pane. A previsão para consertar esses sistemas nos países mais desenvolvidos seria de dez anos, no mínimo. Uma dica: estoquem velas e invistam em fazendas. 




Uma série que mostra um apocalipse desse gênero é a Revolution:




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